quarta-feira, 1 de outubro de 2014

A CRIAÇÃO DA NOITE
No princípio não havia noite. Só existia o dia. A n
oite estava guardada no fundo das
águas.
Aconteceu, porém que a filha da Cobra Grande se cas
ou e disse ao marido:
- Meu marido, está com muita vontade de ver a noite.
- Minha mulher, há somente o dia, respondeu ele.
- A noite existe, sim! Meu pai guarda-a no fundo do
rio. Mande seus criados buscá-la.
Os criados embarcaram numa canoa e partiram em busc
a da noite. Chegando à casa de
Cobra Grande, transmitiram o desejo da filha. Receb
eram então um coco de tucumã
com o seguinte aviso:
- Muito cuidado com este coco. Se ele abrir tudo fi
cará escuro e todas as coisas se
perderão.
No meio do caminho os criados ouviram, dentro do co
co, um barulho assim
xé-xé-
xé...tém-tém-tém...
Era o ruído dos sapos e dos grilos, que cantam na n
oite. Mas os criados não sabiam
disso e, cheios de curiosidade, abriram o coco de t
ucumã. Nesse momento tudo
escureceu.
A moça em sua casa disse a seu marido:
- Seus criados soltaram a noite. Agora não teremos
mais dia, e todas as coisas se
perderão.
Então todas as coisas que estavam na floresta se   tr
 ansformaram em animais e pássaros.
E as coisas que estavam espalhadas pelo rio transfo
rmaram-se em peixes e patos.
O marido da filha de Cobra Grande ficou espantado.
E perguntou à esposa:
- Que faremos? Precisamos salvar o dia!
- A moça arrancou, então, um fio dos seus cabelos,
dizendo:
- Não tenhas receio. Com este fio vou separar o dia
e a noite. Feche os olhos ...
Pronto!... Agora pode abrir os olhos. Repare: a mad
rugada já vem chegando. Os
pássaros cantam alegres, anunciando o sol.
Mas quando os criados voltaram, a filha de Cobra Gr
ande ficou furiosa. E os
transformou em macacos, como castigo por sua infide
lidade.
Assim nasceu a noite.

segunda-feira, 22 de setembro de 2014


Condoreirismo

  • Quando ocorreu?
Entre 1850 e 1870.

  • Fatos importantes;
A ave símbolo da geração é o condor, ave que habita o alto das cordilheiras dos Andes, e que representa a liberdade daí o nome da geração ser condoeira.

  • Características culturais/ literárias;
A poesia dessa geração é combativa e prima pela denúncia das condições dos escravos, decorrência do sistema econômico brasileiro, baseado no trabalho escravo. Os poetas dessa geração também clamam por uma poesia social em que a humanidade trabalhe por igualdade, justiça e liberdade.

  • Castro Alves (vida e obras);
Nasceu em Curralinho e faleceu em Salvador (ambas na Bahia) em decorrência da tuberculose e de uma infecção no pé causada por acidente em uma caçada. Considerado um dos poetas brasileiros mais brilhantes, Castro Alves tem sua obra dividida em duas grandes temáticas: poesia lírico-amorosa e a poesia social e das causas humanas.
Começou a escrever cedo e aos dezessete anos já tinha seus primeiros poemas e peças declamados e encenados. Aos vinte e um já havia conseguido a consagração entre os maiores escritores daquele tempo, como José de Alencar e Machado de Assis. É o patrono número sete da Academia Brasileira de Letras.
Uma das principais características de sua obra é a eloquência, a utilização de hipérboles, de antíteses, de metáforas, comparações grandiosas e diversas figuras de linguagem, além da sugestão de imagens e do apelo auditivo. O poeta também faz referência a diversos fatos históricos ocorridos no país, tais como a Independência da Bahia, a Inconfidência Mineira (presente na peça O Gonzaga ou a Revolução de Minas),
Diferentemente dos poetas da primeira geração, individualistas e preocupados com a expressão dos próprios sentimentos, Castro Alves demonstra preocupação com os problema sociais presentes na sua época. Demonstra também um certo questionamento aos ideais de nacionalidade, pois, de que adiantava louvar um país cuja economia estava baseada na exploração de sua população (mais especificamente dos índios e dos negros)?
A visão do poeta demonstra paixão e fulgor pela vida, diferentemente dos poetas ultrarromânticos da geração precedente.
Seus trabalhos mais importantes são:
a) poesia lírico-amorosa: a poesia lírico-amorosa está associada ao período em que o poeta esteve envolvido com a atriz portuguesa Eugênia Câmara. Assim, a virgem idealizada dá lugar a uma mulher de carne e osso e sensualizada. No entanto, o poeta ainda é um jovem inocente e terno em face a sua amada corporificada e cheia de desejo.
Seus poemas mais famosos dessa fase estão presentes em sua primeira publicação, Espumas Flutuantes (1870), conjunto de 53 poemas que versam sobre a transitoriedade da vida frente à morte, sobre o amor no plano espiritual e físico, que apela para o sentimental e para o sensual e sensorial. Além disso, o romance com a atriz portuguesa acendeu no poeta o desejo de escrever sobre esperança e desespero.
Veja um trecho:
Boa-Noite
Boa-noite, Maria! Eu vou-me embora.
A lua nas janelas bate em cheio.
Boa-noite, Maria! É tarde... é tarde...
Não me apertes assim contra teu seio.
Boa-noite!... E tu dizes — Boa-noite.
Mas não digas assim por entre beijos...
Mas não mo digas descobrindo o peito
— Mar de amor onde vagam meus desejos.
(...)
Lambe voluptuosa os teus contornos...
Oh! Deixa-me aquecer teus pés divinos
Ao doudo afago de meus lábios mornos.
Mulher do meu amor! Quando aos meus beijos
Treme tua alma, como a lira ao vento,
Das teclas de teu seio que harmonias,
Que escalas de suspiros, bebo atento!
Ai! Canta a cavatina do delírio,
Ri, suspira, soluça, anseia e chora...
Marion! Marion!... É noite ainda.
Que importa os raios de uma nova aurora?!...
Como um negro e sombrio firmamento,
Sobre mim desenrola teu cabelo...
E deixa-me dormir balbuciando:
— Boa-noite!, formosa Consuelo!...
Neste poema, o poeta, apaixonado, não se contenta com apenas uma amante, e mostra envolvimento com diferentes mulheres (Maria, Marion, Consuelo...), todas belas e sensuais, se oferecendo para que o poeta, meigo e inocente, não vá embora.
Outro poema famoso deste conjunto é O Livro e a América, em que o poeta incentiva a leitura e a produção literária no país:
(...)
Por isso na impaciência
Desta sede de saber,
Como as aves do deserto  --
As almas buscam beber...
Oh! Bendito o que semeia
Livros... livros à mão cheia...
E manda o povo pensar!
O livro caindo n'alma
É germe -- que faz a palma,
É chuva -- que faz o mar. 
(...)
b) poesia social: poeta da liberdade, Castro denuncia as desigualdades sociais e a situação da escravidão no país, além de solidarizar-se com os negros, que eram trazidos de modo precário dentro dos navios negreiros. Castro clamava à natureza e às entidades divinas para que vissem a injustiça cometida pelos homens sobre os homens e intervissem para que a viagem rumo ao Brasil fosse interrompida.
Graças a sua obra empenhada na denúncia das condições dos negros, ficou conhecido como "o poeta dos escravos", por solidarizar-se com a situação dos que aqui vinham e eram submetidos a todo tipo de trabalho em condições desumanas.
As obras mais importantes dessa fase são:
Vozes D'África: Navio Negreiro (1869)
A Cachoeira de Paulo Afonso (1876)
Os Escravos (1883)
Veja trecho de Navio Negreiro:
Canto VI
Existe um povo que a bandeira empresta
P'ra cobrir tanta infâmia e cobardia!...
E deixa-a transformar-se nessa festa
Em manto impuro de bacante fria!...
Meu Deus! meu Deus! mas que bandeira é esta,
Que impudente na gávea tripudia?
Silêncio.  Musa... chora, e chora tanto
Que o pavilhão se lave no teu pranto! ... 
Auriverde pendão de minha terra,
Que a brisa do Brasil beija e balança,
Estandarte que a luz do sol encerra
E as promessas divinas da esperança...
Tu que, da liberdade após a guerra,
Foste hasteado dos heróis na lança
Antes te houvessem roto na batalha,
Que servires a um povo de mortalha!... 
Fatalidade atroz que a mente esmaga!
Extingue nesta hora o brigue imundo
O trilho que Colombo abriu nas vagas,
Como um íris no pélago profundo!
Mas é infâmia demais! ... Da etérea plaga
Levantai-vos, heróis do Novo Mundo!
Andrada! arranca esse pendão dos ares!
Colombo! fecha a porta dos teus mares!
Didivido em seis cantos, segundo a divisão clássica da epopeia:
1º canto: descrição do cenário;
2º canto: elogio aos marinheiros;
3º canto: horror - visão do navio negreiro em oposição ao belo cenário;
4º canto: descrição do navio e do sofrimento dos escravos;
5º canto: imagem do povo livre em suas terras, em oposião ao sofrimento no navio;
6º canto: o poeta discorre sobre a África que é, ao mesmo tempo tempo, um país livre, acaba por se beneficiar economicamente da escravidão.
O poema épico é eloquente e verborrágico. Embora o último navio negreiro que tenha chegado ao país date de 1855, a escravidão ainda era parte do sistema econômico brasileiro.

  • Pedro Calasãs (vida e obras);
Pedro Luziense de Bittencourt Calasans, foi um poeta, crítico e jornalista da segunda geração romântica, conhecida como Ultra-Romantismo ou do “Mal-do-século”. Filho do tenente-coronel João José de Bittencourt Calasans, que mais tarde viria a se tornar um dos precursores da agronomia do Sergipe, e de Luisa Carolina Amélia de Calasans, nasceu o poeta no famoso engenho Castelo, propriedade da família de seu pai, e iniciou os seus estudos no Liceu de São Cristóvão, completando-os no Recife. Aos 16 anos publica "Adeus!", seu primeiro livro de poesias, e começa a contribuir para alguns periódicos da região. Segundo Sílvio Romero, enorme foi o prestígio desfrutado por Calasans nas rodas literárias de Pernambuco.Páginas Soltas é publicado quando, em 1855, ingressa na Faculdade de Direito do Recife, na qual veio a bacharelar-se a 16 de dezembro de 1859. De volta à terra natal, então com 22 anos, ocupa interinamente a promotoria da comarca de Estância, Estado de Sergipe, casa-se com rica herdeira, mas logo se separa. É eleito deputado geral para a legislatura de 1861-1864 quando, ao ser absorvido pelas lutas partidárias, deixa o convívio das musas para dedicar-se à advocacia e a imprensa na capital do Império, onde se fez conhecido como atuante jornalista. No mesmo ano parte para a Europa, onde percorre vários países e retoma a publicação de seus livros: Ofenísia, em Bruxelas, Uma Cena de Nossos Dias (drama em quatro atos) e Wiesbade, sua obra mais conhecida, ambas em Leipzig, Alemanha. De volta ao Brasil, em 1867, abandona a política e é nomeado juiz municipal de Caçapava, São Paulo, onde publica mais quatro livros escritos durante a sua excursão pelo velho continente: A Campa e a Rosa, tradução de Victor Hugo, A Morte de uma Virgem, A Rosa e o Sol e Qual Delas?. Segue a magistratura e é eleito deputado provincial no Rio Grande do Sul, mas consegue remoção para a comarca de Jeremoabo, na Bahia; no ano seguinte, quando começa a sentir o organismo definhando em consequência do mal de que só muito mais tarde se apercebe e que iria vitimá-lo. Em busca de tratamento para a tuberculose, procura o clima de Ilhéus, também na Bahia, sem nada conseguir. Esteve, depois, nas cidades de Serro e Diamantina, Minas Gerais, em busca de repouso e paz sob o clima das montanhas, também em vão. Afinal, a conselho médico, parte para a Ilha da Madeira, aonde não chega a aportar e falece a bordo do navio, próximo a Lisboa, Portugal.

  • Pedro Luis de Souza (vida e obras);
Pedro Luís (P. L. Pereira de Sousa), advogado, jornalista, político, orador e poeta, nasceu em 13 de dezembro de 1839, em Araruama, RJ, e faleceu em Bananal, SP, em 16 de julho de 1884. É o patrono da Cadeira n. 31 da Academia Brasileira de Letras, por escolha de Luís Guimarães Júnior.

Educou-se em Nova Friburgo, no Colégio de S. Vicente de Paulo. Diplomado pela Faculdade de Direito em São Paulo, em 1860, estabeleceu-se como advogado no Rio de Janeiro, sendo também advogado no Conselho de Dom Pedro II. Na política filiou-se ao Partido Liberal. Deputado em duas legislaturas (1864-1866 e 1878-1881), revelou-se um orador fluentíssimo. Foi ministro dos Negócios Estrangeiros (1880), acumulando com a pasta dos Negócios da Agricultura, quando faleceu o conselheiro Buarque de Macedo. Nesse período teve como funcionário Machado de Assis. Não alcançando ser reeleito deputado, por ocasião de dissolução da Câmara, o conselheiro Pedro Luís resignou do cargo de ministro. Em 1882, foi presidente da província da Bahia. Acenava-lhe a política com um lugar no Senado, mas veio a falecer, aos 43 anos. Entre outras condecorações, era titular da Legião de Honra e grande dignitário da Ordem da Rosa.

Sua curta existência foi absorvida pela atividade política. Mas teve tempo bastante para firmar-se como poeta de cunho social e político, colocado entre os «condoreiros», precursor de Castro Alves, cujo poema «Deusa Incruenta», o poema da imprensa, é uma antítese a «Terribilis Dea», que a guerra do Paraguai inspirou a Pedro Luís. 

Dele disse José Veríssimo: «Também ele foi um poeta brilhante, o precursor da inspiração política e social e do que depois se chamou condoreirismo na nossa poesia, político de relevo, jornalista, conversador agradabilíssimo, segundo quantos o trataram, e homem do mundo, de rara sedução. Deixou meia dúzia de poemas, os melhores no tom épico («Os voluntários da Morte», «Terribilis Dea»), que todo o Brasil conheceu, recitou e admirou. Mas a sua obra dispersa, de mero diletante, se lhe criou um nome meio lendário como os de José Bonifácio e Francisco Otaviano, não basta a assegurar-lhe um posto de primeira ordem na nossa poesia." 

E João Ribeiro, depois de chamá-lo «glorioso precursor de Castro Alves e da poesia hugoana no Brasil, pelas suas feições épicas e patrióticas», aludiu à sua lírica: «Sei agora que ele nem sempre fora altiloquente e sabia murmurar com a suavidade de um Petrarca.»
Fonte: www.academia.org.br/

O LEQUE DE MARFIM

Ela estava bonita a enlouquecer a gente!
Viva, fresca, feliz... gostei de vê-la assim!
Da música ao murmúrio estremecia ardente
E, rindo, machucava o leque de marfim.

Seus olhos eram negros, veludosos, puros...
Dois abismos! Dois céus! Fitei-os a tremer!
Costumado a trilhar caminhos sempre escuros,
Tenho medo da luz... Meu Deus, eu não quis ver.

Mas ela fascinava... Era um olhar, mais nada...
Rebelde, o coração nessa hora me traiu!
Aos dedos dessa virgem a ânfora sagrada
Entornando perfume à luz do sol se abriu.

Encostei-me ao piano. A chácara viçosa
Entoava das flores lânguida canção.
Eu cismava... - sei lá! - no céu, no mar, na rosa...
E minh'alma se foi nas asas da paixão.

Bem como o viajante em regiões polares
Que recorda chorando o seu torrão natal,
E avista de repente, incendiando os mares,
O divino esplendor da aurora boreal,

Assim eu triste, só, sem sombra d'esperança,
Dos gelos da descrença aonde vim parar
Sondei aquele riso! Amei essa criança,
Foi-me aurora de amor o negrejante olhar.

Brilhe embora uma vez... Banhou-me a luz divina
Vale uma eternidade um dia sempre assim...
Sempre hei de me lembrar da cândida menina
Que rindo machucava o leque de marfim.

Pereira de Sousa

A UM PAI

Fitando longe os teus passados dias,
vendo tingidas de mortais palores
trêmulas crenças, entre murchas flores,
em pó desfeitas puras alegrias;   

em sonho, em riso, em lágrimas dirias:
-  «A noite rola fúnebres vapores...
Mas brilha a estrela d'alva! Aos seus fulgores
é verde o campo, o mar tem harmonias».   

Era esse filho que adoravas tanto,
na densa névoa da alma entristecida,
azul estrela, da alvorada o canto!   

Cedo trocou-se na estação querida
do orvalho a gota em pérola de pranto,
morreu em flor a flor de tua vida.

Pereira de Sousa

O QUE EU QUERO

Eu quero nesta vida um sonho lindo
Que passe como a nuvem cor de rosa,
Hei-de dizer, depois cerrando os olhos
— Oh! Flor do cemitério, és bem formosa.

Não quero muito não: à fresca sombra
Do viçoso jardim da mocidade,
Quero dois dias m´embalar tranqüilo
Gozando amor em doce liberdade.

Quero ver sempre o céu puro e sereno,
Nuvens de ar e o sol sempre dourado,
E aos doces beijos da mulher que amo
Hão de ir morrendo as dores do passado.

Debaixo da mangueira eu hei de vê-la
Ao meio da languia dormindo,
Soltos cabelos flutuando ao vento,
Nos eu sonho gentil irá sorrindo.

À noite quando a lua dos amores
Vier chorar debaixo do arvoredo,
Encostada indolente no meu ombro
Ela há de ouvir-me virginal segredo.

OH! sombra dos amores tão formosa
Como é viva e formosa a borboleta,
Eu serei para ti — a doce aragem,
Tu serás para mim — a violeta.

Quero dois dias — na macia grama
Reclinado a sonhar sobre um canteiro!
Passarei minha horas perfumadas
Como a cândida flor do jasmineiro.

Será vida bem curta, porém bela!
Sem ambição, sem glórias e sem dores,
Basta um raio de sol tendo ao meu lado
Uns lábios de mulher e algumas flores.

Posso morrer depois, e que m'importa
Tendo a vida corrido vaporosa!
Que hei de murmurar, cerrando os olhos,
Ó flor do cemitério, és bem formosa!

Pereira de Sousa


  • Sousândrade (vida e obras);
Autor de vasta obra, seu trabalho mais importante é fruto de suas viagens, responsáveis pelo contato com realidades diferentes ao redor do mundo. O aspecto que mais o diferencia dos outros poetas brasileiros é a originalidade da sua poesia, principalmente com relação à ousadia de vocabulário com o uso de palavras em inglês e neologismos, bem como de palavras indígenas. Além disso, a sonoridade dos poemas também rompe com a métrica e com o ritmo tradicionais, o que despertou a atenção da crítica literária do século XX.
Seu trabalho, então esquecido, foi resgatado na década de 1960 pela crítica literária, principalmente pelos poetas Haroldo e Augusto de Campos, responsáveis pela análise de sua obra.
Seu poema mais famoso é o Guesa Errante, escrito entre 1858 e 1888, composto por treze cantos e inspirado em uma lenda andina na qual um adolescente, o Guesa, seria sacrificado em oferecimento aos deuses. O índio, porém, consegue fugir e passa a morar em uma das maiores ruas de Nova York, a Wall Street. Os sacerdotes que o perseguiam estão agora transformados em capitalistas da grande cidade de Nova Iork e ainda querem o sangue do Guesa, que vê o capitalismo consollidado como uma doença.
Dotada de pinceladas autobiográficas, o Guesa Errante denuncia o drama dos povos indígenas à exploração dos povos europeus.
Veja um trecho do poema:
(...)
"Nos áureos tempos, nos jardins da América
Infante adoração dobrando a crença
Ante o belo sinal, nuvem ibérica
Em sua noite a envolveu ruidosa e densa.

"Cândidos Incas! Quando já campeiam
Os heróis vencedores do inocente
Índio nu; quando os templos s'incendeiam,
Já sem virgens, sem ouro reluzente,

"Sem as sombras dos reis filhos de Manco,
Viu-se... (que tinham feito? e pouco havia
A fazer-se...) num leito puro e branco
A corrupção, que os braços estendia!

"E da existência meiga, afortunada,
O róseo fio nesse albor ameno
Foi destruído. Como ensanguentada
A terra fez sorrir ao céu sereno!
(...)


segunda-feira, 28 de julho de 2014

Droga: uma "doença degenerativa" que está debilitando o "organismo social" em que vivemos.



          O consumo de drogas está cada vez mais presente em nosso dia a dia, isso por que a circulação e o tráfico desse entorpecente se intensificaram enormemente nas últimas décadas por mais que as autoridades tenham investido bastante no combate a entrada deste “vírus” que afeta toda e qualquer pessoa independentemente de classe social.
        Os usuários são indivíduos que, na maioria das vezes, não possuem boas condições financeiras o que os levam a viverem em um verdadeiro inferno de desolações que é o mundo de fantasias dos dependentes químicos. Infelizmente, as sociedades em geral jugam superficialmente os drogados sem saberem das suas intimidades e história de vida, as quais estão diretamente ligadas ao convívio familiar.
            Geralmente, os viciados químicos foram induzidos por amigos ou conhecidos a usarem drogas, uma vez que estas lhes conferem uma sensação momentânea de prazer e bem estar. Mas, posso afirmar com certeza que após os efeitos alucinantes dos entorpecentes as consequências são devastadoras e duradouras. Aliás, o uso de drogas proporciona, sem dúvida alguma, mais desvantagens para quem consome do que vantagens, se bem que esta última não existe para quem usa drogas, isso é simplesmente indiscutível. Creio que não preciso entrar em detalhes a respeito desse argumento, afinal de contas esta não é a minha intenção, pois, suponho que todos ou quase todos sabem sobre as consequências do uso contínuo de drogas em geral. Só lembrando aos leitores que semanticamente a palavra droga já define por completo a sua futilidade.
           É importante lembrar também que conflitos familiares passam a ser constantes nos lares de qualquer família que possui pelo menos um dos membros dependente das drogas.
        Para finalizar quero deixar claro que o uso de drogas não só no Brasil, mas em todo o mundo está virando uma epidemia sem controle. Aliás, já virou uma “doença degenerativa” que está sufocando e debilitando, de certa forma, o “organismo social" em que vivemos. Em outras palavras, as autoridades devem e podem investir mais em políticas públicas e campanhas educativas voltadas ao combate tanto do tráfico como do uso de drogas, sobretudo em locais públicos. Afinal, os “donos” do poder também são seres humanos que, consequentemente, fazem parte desse organismo social que, como uma joia preciosa, devemos zelá-lo e protegê-lo, pois é usufruto de todos, inclusive das novas gerações. Acredito que em primeiro plano deve-se investir principalmente em educação que é o combustível que move todo e qualquer país, estado ou cidade.

Marcondes Torres (2012)
Felipe costa....2º 03

Artigo de opinião:

FUTURO, QUE FUTURO?

O ser humano prega-se inteligente. Mas é de pensar. O ser humano diz querer viver muito, se possível, para sempre, todavia, mata-se um pouco todos os dias; no mais do tempo fica desejando o futuro, esperando por ele. Onde está a inteligência, se no futuro está fixado o prazo de validade de cada um dos seres humanos, ou seres vivos?

Acabo de ouvir uma publicidade no rádio, publicidade de uma imobiliária. No meio do texto, ouve-se: – “Que venha o futuro”. Que frase tosca, burra. Sim, eu sei, a maioria ouve essa bobagem e esfrega as mãos, é isso mesmo… Isso mesmo umas pitangas. Aliás, dizer – Que venha o futuro – é o mesmo que dizer – Que venha a minha velhice! Levando adiante a conversa, é bom que fique claro que não existe futuro, futuro é uma invenção humana diante de sua passagem fugaz pela terra ou pela vida. Quando é que o futuro chega? A pergunta é para você, quando é que o futuro chega? Isso mesmo, nunca. Este momento de agora é o futuro de um dia no passado de nossas vidas. Ocorre que o tempo, como tempo, não existe, nós é que nos deterioramos desde o berço até o último suspiro, nós, não o tempo. Tempo é vazio, é eternidade do nada…

Quanto tens agora no banco, na poupança? Pouco? Muito? Isso e futuro. Quer dizer, momento presente é futuro, é presente e é passado. O que temos agora, em casa ou no banco, é o resultado do trabalho, do trabalho de ontem? Simplesmente do trabalho.
Dizer – Que venha o futuro – é jogar com a estultícia das cabeças em maioria, nunca vai chegar esse futuro. Mas o cara que pensou o anúncio vai ganhar dinheiro hoje à tarde, à noite, daqui a pouco… Ele vai ganhar, vai ganhar hoje, agora, não no futuro.

Volto aos pensadores antigos: só temos o aqui e agora. Só. Os sábios os vivem intensamente, os néscios deixam para amanhã.

FUTURO
Quem quiser ter futuro que se mexa agora, daqui a pouco já é tarde. O guri vadio que não estuda, é bom que comece a se coçar em cima dos livros, deixar para a segunda-feira que vem não vai dar certo. O vendedor que pode sair cedo da cama e fazer várias visitas ainda pela manhã mas que deixa tudo para a tarde quando chegar ao freguês esse já terá feito o pedido de outro vendedor, que levantou cedo… Vale para tudo e para todos. Não existe futuro, existem aqui e agora bem vividos. Chega a ser constrangedor ter que dizer isso, mas os “santinhos” da vida precisam ouvir…

OUÇA
Como não ficar irritado com “verdades” que são – repentinamente – descobertas por autoridades do ensino no Brasil? Ouça esta manchete: – “Formação docente é gargalo da Educação”. Aí você vai ler a notícia e dá de cara com esta preciosidade: – “Capacitar os professores é a opção mais viável para melhorar o desempenho dos alunos”. É o que aponta o estudo Formação Continuada de Professores no Brasil, o Instituto Airton Sena e o Boston Consulting Group. Era só o que faltava! Precisaram fazer pesquisas para descobrir essa obviedade? Quem não sabe que professor qualificado qualifica mais os alunos em sala de aula?
E quem não sabe que quem qualifica o professor é ele mesmo, hein? Ora, vão descobrir quantos lados tem uma bola!

FALTA DIZER
Se você não quiser que seus filhos, sobrinhos ou afilhados sofram bullying no colégio, é fácil: não lhes dê educação, faça-os crescer demoníacos, insuportáveis. Serão ídolos no colégio… Queres apostar?

28 Julho, 2014 as 10:10 por Luiz Carlos Prates
          (Postado por Geison)

Artigo de opinião

O artigo de opinião é um texto argumentativo, opinativo, de caráter persuasivo, o qual dá ao autor maior liberdade de expressão. É claro que o domínio do assunto abordado é imprescindível, além do respeito à linguagem formal.
As características do artigo de opinião são:
  • Questionamentos (considerando que todos deverão ser respondidos pelo autor, ao longo do texto);
  • Alusão histórica;
  • Comparação entre passado, presente e perspectiva para situações futuras;
  • Relatos de fatos relacionados ao assunto e posicionamento do autor sobre eles;
  • Citação de um provérbio, dito popular ou pensamento filosófico conhecido relacionados ao assunto e apresentar a explicação para eles;
  • Dados estatísticos;
  • Declaração sobre o assunto;
  • Definição do assunto e posicionamento a respeito dela;
  • Causas e consequências para a situação-problema abordada na introdução;
  • Exemplos que ilustrem o assunto;
  • Comparações;
  • Justificativas;
  • Citações;
  • Apresentação de soluções para a situação-problema ou sugestões para melhorias ou conservação do que, ao longo do texto, o autor definiu como fatores positivos sobre o assunto. O ideal é que o artigo de opinião denote as perspectivas do seu autor em relação ao tema abordado.

Betânia, Felipe e Geison
ADEQUANDO-SE A NOSSO TEMPO
Catolicis Matrimonus

Assunto complexo é que envolve a discussão sobre o casamento para padres apostólicos romanos, um absurdo para alguns extremistas, mas que tem despertado interesse da sociedade, principalmente após o conhecimento de que, apenas no Brasil, existem mais de 7 mil sacerdotes em situação de matrimônio ou união estável.

Opinar sobre tão complexa matéria é deveras um desafio, no entanto, enquanto cidadãos, temos o direito e especialmente o dever de nos posicionarmos. Sabemos que a Santa Igreja Católica baseia-se em princípios e dogmas milenares, os quais respeito profundamente, mas é preciso, dada a nossa realidade, rever alguns desses preceitos, e o casamento envolvendo seus padres é um deles. Quando um individuo é ordenado sacerdote, acaba concordando em dedicar-se exclusivamente à obra de Deus, o que inclui também não relacionar-se de forma conjugal. No entanto, o simples fato de constituir uma orientação milenar não deve servir de argumento para não considerar a revisão de tais conceitos.

Tradições podem ser quebradas, sim. Não nego jamais a capacidade dos membros do Vaticano em tomar decisões acertadas, mas a realidade nos mostra traumas profundos que a Igreja tem sofrido nos últimos tempos, isso para não resgatarmos as atrocidades que a história remonta. Atos de pedofilia e casamentos ocultos são só alguns exemplos, o que torna a Instituição vulnerável. A proibição do matrimônio para sacerdotes gera uma série de outros erros, pois quando sentem a necessidade de estar ao lado de alguém, o fazem sem o devido consentimento de seus superiores e, assim, agem contra suas próprias concepções.

Não há - nem haveria por quê - qualquer empecilho entre um padre casar, constituir família, gerar filhos e continuar exercendo seu ofício. Em outras religiões, sem querer fazer comparações, isso é perfeitamente viável. É melhor rever certos preceitos do que alimentar hipocrisias, uma vez que os erros cometidos são concretos. Caso contrário, os membros da Igreja continuarão a desviar-se dos dogmas, mesmo que ocultamente, por serem homens comuns e terem as mesmas necessidades físicas e psicológicas de qualquer outra pessoa, ainda que tenham jurado servir somente à Igreja. O casamento direcionado aos padres seria, na certa, uma decisão revolucionária, sábia e benéfica à firme manutenção do Cristianismo.

(*Betânia Pavlowski de Quevedo postou*)